segunda-feira, 21 de maio de 2007

resumo de "Memorial do Convento" continuação

Corre um boato de que os franceses estão para invadir Portugal, mas chega, na verdade, uma frota francesa trazendo bacalhau, o que andava em falta. Baltazar imagina como se sentem os soldados que esperavam pela batalha,o soldado que mora em Baltazar sente saudades da guerra, mas imagina que se para lá fosse teria muitas saudades, demasiadas, de Blimunda, de quem ainda não consegue decifrar direito a certa cor dos olhos.Estavam Baltazar e João Elvas no Terreiro do Paço, conversando , quando viram sair do palácio o padre Bartolomeu de Gusmão; João Elvas o aponta como "o Voador". O padre chama Baltazar a um lado e diz que, após ter falado aos desembargadores sobre a pensão de guerra pretendida pelo soldado, por ter perdido nela a mão, responderam a ele que "iam ponderar o teu caso, se vale a pena fazeres petição, depois me darão uma reposta."

Baltazar pergunta quando poderá obter a resposta e Bartolomeu diz que não sabe, mas promete pessoalmente falar ao rei, "que me distingue com sua estima e proteção." O soldado espanta-se ao saber que o padre privava da amizade do rei e nada fez para salvar a mãe de Blimunda, que também era sua conhecida.Baltazar pergunta a ele por que o apelidaram O Voador. O padre diz porque voara.

Bartolomeu se queixa de que as pessoas não o compreendem e diz temer o Santo Ofício, por isso tem amizades que o defendam e é cheio de precauções. O soldado, então, pergunta a ele, que conhecia a mãe de Blimunda e sabia-lhe as artes, por que a moça sempre come pão antes de abrir os olhos.Bartolomeu convide Baltazar para ir a S. Sebastião da Pedreira ver a máquina que estava construindo; aluga uma mula, mas Baltazar vai a pé; o padre lhe diz que cham por ironia o seu objeto voador de "passarola" . Ao chegar ao portão da quinta do duque, onde está a máquina voadora, o padre tira a chave do bolso e abre o portão, depois conduz Baltazar até o celeiro.Bartolomeu indica-lhe leme, velas e mastro e o convida para trabalhar para ele, o que assusta o soldado, que se considera, na realidade, um homem do campo e, ainda por cima, maneta. Sete-Sóis ouvira com atenção a explicação do padre e levantando um pouco os braços, tomado de coragem, disse.

O padre arranjou emprego para Baltazar, enquanto não pode, por falta de dinheiro, continuar a construir a passarola. O Sete-Sóis trabalha num açougue do Terreiro do Paço, transportando peças de carne nas costas. Podem, então, ele e Blimunda, comer melhor, com o que ganha de resto.D. Maria Ana está no fim da gravidez, bojuda "como uma nau da Índia". Holandeses invadem Pernambuco, naus trazem carregamento da China, há lutas no Recife, mas nada disso interessa à rainha que .Batizaram a princesa, no dia de Nossa Senhora do Ó , sete bispos e "ficou a chamar-se Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara, logo ali com o título de Dona adiante, apesar de tão pequena ainda, está ao colo, baba-se e já é dona(...) Do tio e padrinho, D. Francisco, ganhou uma cruz de brilhantes, pouco, perto do que a mãe recebera do cunhado: brincos de diamantes, de alto valor.Baltazar e Blimunda foram ver a festa, ele mais cansado, de tanto carregar tanta carne para o banquete; e dói-lhe a mão esquerda, na qual usa o gancho para tais finalidades; Blimunda segura-lhe a mão direita. Frei Antônio morrera pouco antes, sem ter visto o fruto de sua premonição.

Baltazar acorda sempre cedo, antigo hábito de soldado, e o narrador nos anuncia que o ano mudou já, distante aquele dia em que ambos se conheceram e se amaram pela primeira vez. Todos os dias, antes que nascesse o sol, Blimunda acordava e, antes de abrir os olhos, comia o pão que deixava de propósito no alforje.Baltazar, hoje, escondera-lhe o pão: "Hoje se saberá.", anuncia o narrador pondo-a diante de nós a buscar e tatear o que o soldado havia escondido. Baltazar avisa a mulher que escondera o pão; ela grita, apavorada, brava.Confessa a ele que "enxerga as pessoas por dentro", caso esteja em jejum, por isso come o pão, mastigando-o vagarosamente antes de abrir os olhos.Durante todo o dia, no trabalho, duvidou Baltazar se tivera ou não tal conversa com a mulher que amava, achando que sonhara. À noite, combinaram que , dia seguinte, sairiam cedo, ela na frente, sem comer, ele atrás, sem ser visto por dentro e caminhariam pela cidade. Assim foi. Blimunda indica o lado de dentro das pessoas: uma mulher com uma criança no ventre, mas o bebê tem duas voltas do cordão enrolado no pescoço; vê um um peixe gigante, fossilizado, sob o granito, um frade com suas bichas. E indica-lhe um lugar, onde pede que ele cave com o gancho, à procura da moeda que ali se encontra.

Pede que a leve para casa, não quer mais ver.Da tença que pediu ao padre Bartolomeu, nada de notícias ainda; e sabe que o mandarão embora do açougue logo que possam se livrar dele; restará, no entanto, a portaria dos conventos onde se oferecem caldos: é difícil morrer de fome em Lisboa.O infante D. Pedro é nascido e quatro bispos o batizaram..O rei foi a Mafra escolher onde se construiria o convento prometido.
Blimunda e Sete-Sóis foram trabalhar na quinta do duque de Aveiro, a pedido do padre. Levavam um quase nada como mudança, tão pouco os haveres dos dois; e a moça deixou para sempre o lugar em que nascera, onde viveu Sebastiana Maria de Jesus.Passam a morar ali.


Blimunda cata os bichos do cabelo de Baltazar, mas ele pouco pode ajudá-la: falta-lhe a mão com que mate o inseto. Mas nem sempre o trabalho pode ser completo para Sete-Sóis:

Uma vez ou outra, levanta-se Blimunda mais cedo, e sem pôr os olhos em Baltazar, vai inspecionar o trabalho da passarola, a ver se descobre bolha de ar entrançada nos escondidos do ferro utilizado. Vai desvendando onde o ferro é frágil e disso gosta o padre. De vez em quando, o padre vem por lá a experimentar para aquelas paredes os sermões que compõem, enquanto Blimunda varre o pátio e Baltazar bate os ferros que compõem a passarola. O padre observa que precisa construir ali uma forja para que possam fundir os ferros.Anuncia-lhes, ainda, que vai para a Holanda, onde pretende aprender a arte de comandar o éter, o que fará subir a nave até onde queira.Baltazar e Bliunda despedem-se de Lisboa e vão a uma tourada; na madrugada seguinte,os dois partem para Mafra.

Baltazar foi recebido pelo pai e pela mãe, que demonstraram por ele muitas saudades. Contou-lhes a guerra, a mão perdida e apresentou-lhes Blimunda. Tiveram alguma dúvida sobre ela, mas esta contou-lhes a vida, a de sua mãe, negou ser judia e acabou tocando o coração de Marta Maria, a sogra.A única irmã de Baltazar, Inês Antônia, casara-se com Álvaro Pedreiro e já tinha dois filhos.Baltazar dispõe-se a arrumar trabalho para si e Blimunda, mas Marta diz que prefere que ela fique, para que possa conhecê-la devagar. Blimunda , ao ver os filhos de Inês, sabe que o mais velho vai morrer de bexigas ( varíola) e que só o mais novo sobrará.Em Lisboa, a rainha engravida novamente. D. Pedro morrerá e o novo infante será rei .

Baltazar ajuda o pai no campo, onde, por força da mão perdida, tem que reaprender cada coisa. Ainda tenta auxiliar o cunhado na construção da quinta dos viscondes de Vilanova e pela primeira vez lhe ocorre que poderia ter perdido uma perna, em vez do braço, seria bem mais fácil, dessa forma, viver. Todos esperam que se inicie a construção do convento, aí, sim, haverá trabalho para todos.Em Lisboa, o rei anda doente e de vez em quando lhe dão confissão e extrema-unção; vai para Azeitão ver se com mezinhas se curam estas melancolias de que sofre. D. Francisco fica em Lisboa, a tramar a sua vida e a do próprio irmão; pela cabeça dele passam pensamentos esquisitos como casar-se com a cunhada. Por sua vez, D. Maria Ana tem sonhos que considera .Confessam-se ambos o amor que nutrem um pelo outro, mas D. João se salvará e nunca mais D. Maria reviverá tais sonhos ou conversas com o cunhado.

O padre Bartolomeu regressou da Holanda, não sabemos se trouxe ou não os segredos que buscava. Foi à Quinta de S. Sebastião da Pedreira: três anos inteiros haviam se passado e tudo estava abandonado, o material que trabalhara disperso pelo chão, "ninguém adivinharia o que ali se andara perpetrando." O padre vê rastros de Baltazar, mas não os vê de Blimunda e julga que ela morrera. Depois, parte para Coimbra, não sem antes passar por Mafra, onde vai ver os homens que iniciam o trabalho do Convento.Procurou por Baltazar e Blimunda, ao pároco, informa que os casara em Lisboa.Blimunda veio abrir a porta e reconheceu-o pelo vulto, quando desmontava. Beijou-lhe a mão. Marta Maria estranhou que sua nora fosse abrir a porta a quem não batesse ainda. Mais tarde, chegam Baltazar e o pai e aquele, por convivência com Blimunda, ao ver a mula adivinha tratar-se do padre.Marta Maria, que já desconfiava ter uma "nascida"( tumor) no ventre, lamenta nada ter a oferecer ao padre, nem comida — a não ser o galo -, nem abrigo para passar a noite.O padre Bartolomeu dorme na casa do pároco e, pela madrugada, chegam Blimunda e Baltazar. Ela sem comer. Bartolomeu os ama, eles sabem:Baltazar pergunta se o éter é a alma e o padre diz que não, que é da vontade dos vivos que ele se compõe. Blimunda espantou-se e o padre pediu que ela o olhasse por dentro. Ela viu uma nuvem escura, à altura do estômago. Era a vontade, diferente da alma, o que faria voar a passarola.Bartolomeu montou na mula, disse que ia a Coimbra e que , quando retornasse à Lisboa, mandaria avisar os dois para que lá tivessem. Baltazar ofereceu o pão à Blimunda, mas ela pediu, primeiro, pra ver a vontade dos homens que trabalhavam no convento.

O filho mais velho de Inês Antônia e Álvaro Diogo morreu há três meses, de bexigas. Álvaro tem a promessa de conseguir emprego na construção do convento; Marta Maria sofre de dores terríveis no ventre. João Francisco está infeliz porque o filho partirá novamente para Lisboa, e o convento dará trabalho a muitos homens.Blimunda foi a missa em jejum e viu que dentro da hóstia também havia a tal nuvem fechada, vontade dos homens...O padre Bartolomeu de Gusmão escreve de Coimbra e diz ter chegado bem, mas agora viera uma nova carta para que seguissem para Lisboa "tão cedo pudessem". Partiram em dois meses, porque o rei vinha a Mafra inaugurar a obra do convento. Sete-Sóis e Blimunda conseguiram lugar na igreja. No dia seguinte formou-se a procissão, o rei apareceu. A pedra principal foi benzida; foi tanta a pompa que gastaram-se nisso duzentos mil cruzados.Partiram Baltazar e Blimunda para Lisboa. A mãe Marta Maria se despede do filho dizendo que não o tornará a ver. Blimunda e Sete-Sóis dormem na estrada:Por fim, chegaram à quinta onde esperariam o padre voador. Mal chegaram, choveu.



continua...

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